Adeus Pai!
Puxa, eu nunca vou acreditar que ele se foi!
Eu lamento tanto, tanto, mas tanto o meu pai ter morrido, a minha dor é tanta e tão forte, que só consigo lembrar e chorar, tentando manter o equilíbrio com sorrisos somente para quem os merece.
O meu pai se chamava Perci Gonçalves mas gostava de ser conhecido e escrevia Percy (questão de sonho explicando o ípsilon em meu nome), era muito conhecido, muito fã de política, algumas vezes candidato a vereador na cidade de Colombo (próxima a Curitiba). Foi um pai incrível pra mim, fez muitas coisas que jamais ouvi outro pai fazer, e me ensinou grandes coisas. Já foi o meu herói!
Meu pai era daqueles que me acordava com beijo beijo beijo pelo rosto todo, e acreditem, não há melhor forma para acordar. À mesa já pronto o tutu de feijão e no fogão a velha tampinha de uma panela aparando um queijo típico mineiro derretendo com a goiabada. Sim, meu pai era mineiro, e ele se orgulhava muito disso! Ele colocava sal no leite e fazia a melhor queimadinha (leite com açúcar caramelizado). E usava muito a tal frase: - eee trem bão! Nessa época, ao me acordar (mais ou menos uns 26 anos atrás, eu tinha uns 7, 8 anos de idade), seu principal argumento era: - levanta cedo pra não perder tempo na vida. E ele tinha jeito! Me pedia pra comer bem porque seria isso que manteria meu cérebro funcionando bem. Era um homem saudável, nunca fumou e nem nunca bebeu, não que eu saiba.
Suas principais frases pra mim eram: - rápido, rápido, rápido RASTEIRO. - só fala se tiver certeza ABSOLUTA. - eu te VENERO. - eu te amo, meu bem. Algumas palavras que nunca vejo ninguém usar, e que me ensinou, quem sabe, perpetuá-las. Ele era um cara manso e muito carinhoso. E como diria ele: POR DEMAIS DA CONTA, SÔ!
Meu pai era das antigas, e sempre tinha muita história (e estória) pra contar. Gostava de me vestir como vestia a si próprio, e comprava pra mim as mesmas blusas. Na hora de me trocar sempre tinha um truque, e me ensinou a colocar a calça como jamais vi alguém fazer. *risos* Hoje eu ensino isso para os meus filhos. Fazia um barulho com a boca quando queria me chamar, e me chamava de 'pititita'. Ele gostava de me ver parecida com ele, e sabia o quanto eu realmente era e ainda sou; o trejeito, as fungadas, as unhas de formato curto, dedos grossos, a testa e os cabelos brancos começando pela testa, o andar Suas principais frases pra mim eram: - rápido, rápido, rápido RASTEIRO. - só fala se tiver certeza ABSOLUTA. - eu te VENERO. - eu te amo, meu bem. Algumas palavras que nunca vejo ninguém usar, e que me ensinou, quem sabe, perpetuá-las. Ele era um cara manso e muito carinhoso. E como diria ele: POR DEMAIS DA CONTA, SÔ!
Meu pai era das antigas, e sempre tinha muita história (e estória) pra contar. Gostava de me vestir como vestia a si próprio, e comprava pra mim as mesmas blusas. Na hora de me trocar sempre tinha um truque, e me ensinou a colocar a calça como jamais vi alguém fazer. *risos* Hoje eu ensino isso para os meus filhos. Fazia um barulho com a boca quando queria me chamar, e me chamava de 'pititita'. Ele gostava de me ver parecida com ele, e sabia o quanto eu realmente era e ainda sou; o trejeito, as fungadas, as unhas de formato curto, dedos grossos, a testa e os cabelos brancos começando pela testa, o andar rapidinho (aliás quem me conhece sabe que eu realmente ando rápido, rs), a estrutura miúda do corpo, o jeito de coçar o nariz, a tagarelice e mais umas 1957 coisas.
Puxa pai, que dor, você nem esperou o casamento do Rhelber daqui a poucos dias. Você nem esperou me ver passar em Medicina, eu queria te ver orgulhoso de verdade por mim. Eu sei que não é culpa sua, mas o que foi que aconteceu?
Nossa, pai, como eu te amei, eu sempre vou te amar!
Eu NUNCA vou me esquecer de todas as coisas que já fez pra/por mim, TODAS... da sua voz, do seu jeitinho, do quanto você marcou a minha vida.
Pai, por falta de condições financeira você misturou as tintas que tinha em casa só pra conseguir pintar o meu quarto de rosa. Não ficou bem rosa, né?! Rs
Caramba, pai, você comprou rodinhas e tentou colocar num tênis velho só porque o meu sonho era ganhar um patins. E eu te pedi tanto, tanto, mas taaaanto, aos 8 anos de idade, que na minha festa de 15 anos, o que você me deu? Um roller! Puxa pai, você guardou que precisava sanar isso por mim.
Depois de 20 anos você me mostrou que havia guardado o meu caderninho da primeira série.
Meu Deus, pai, como hoje me dói no fundo da minha alma lembrar de tudo isso. Você foi um pai e tanto. Vivia dizendo que me amava, e assim que aprendeu a mexer no whatsapp (isso uma semana antes de sua partida) me mandou um áudio lindo me declarando isso. Quantos presentes e surpresas simplesmente por ser você.
Pai, eu não sei nem expressar o que sinto desde que você partiu. Eu fico arranjando um jeito de sanar esta dor que começou a morar em meu coração. E eu sei que por mais clichê que pareça dizer realmente foi rápido demais, tão grave pra mim, eu estava preparando tantas coisas... pra você, pra te mostrar, pro final deste ano e a partir do ano que vem... Poxa pai, ainda existe tanta coisa pra saber e te perguntar.
Credo pai, foi tão difícil e doloroso olhar o seu corpinho tão pálido e sem vida, eu queria acreditar que você abriria os olhos a qualquer momento e eu não entendo porque isso não pode acontecer. Eu fiquei te olhando, redecorando cada pintinha e decorando as novas que o tempo te deu sem ao menos eu ter percebido. Reparei que cortaram as unhas dos dedos mindinho e polegar, que eram as que você deixava crescer em prol de manusear, com facilidade, o violão e os trabalhos manuais. Eu te olhei e te apalpei da mesma maneira que fazia quando ainda tão pequenina, enquanto você acariciava minhas costas, era de praxe você levantar a blusa da gente pra passar a mão nas costas enquanto sentávamos no seu colo fosse qualquer criança pequena, e depois que virei mocinha e já usava sutiã você nunca passou pro meio das costas. Sempre tão carinhoso e respeitoso, não havia impedimento pro carinho que você queria dar.
Pai eu sei que é egoísmo meu, eu imagino que sua hora havia chegado, mas se eu pudesse eu traria de volta o fôlego que você perdeu junto com a sua vida, só pra te ver respirando novamente, só pra te ter mais um pouquinho aqui ao meu lado.
Eu devia ter feito vídeos, fotos, mais áudios... Eu ía fazer! Que triste, pai, que triste!
Só Deus sabe as dificuldades que tenho pra lidar com essas coisas, e que cada sorriso largado às pressas junto com todas as minhas palavras e afazeres do dia a dia são dores, choros e uma solidão íntima terrível noite a noite.
Quem sou eu, pai? Pois eu sou tanto de você! Então quem foi você? Quem ainda haveremos de ser?
Você guardava muitas coisas, pai, você guardava sentimentos. Acho até que você guardava o que poderia chamar de 'segredos sentimentais'. Aliás, quem nunca, né?!
Você foi um bom pai, soube me cativar, um pai flexível e de tantos talentos... Mas o que mais poderia me marcar e marcou foi você ter sido você, porque você era muito de mim, e eu vim de você. Então você soube me agradar sem perceber. As tuas atitudes beiravam as minhas, porque o meu jeito já era muito do seu.
E mesmo em todas as coisas que você falhou, pai, eu posso entender, não só porque 'ninguém é perfeito', mas porque eu também herdei as suas imperfeições.
Você foi um pai presente, pelo menos dentro de mim. E como parte do agrado o qual me referi, você dava o seu jeito de ser esse agrado. Por completo e tão só você, você estava ali com a palavra certa, sanando toda ausência se é que algum dia existira em meu coração.
Pai, você foi a versão perfeita de você mesmo pois nunca houve comparação. A melhor versão de pai dentro de seus próprios limites, e isso eu sempre respeitei.
Adeus, pai! Eis de te amar até o meu fim!
Salve salve a sua existência nesta Terra, 65 anos, e o dia 19 de julho de 1950.
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