#historia1 Tirando Satisfação
Final de 2000. Morávamos há alguns meses no Japão. E trabalhávamos feito “cavalos”. Noite toda!
Acho que ainda era 5 por 1 ou 4. O que quer dizer que a folga caia em qualquer dia da semana, e o trabalho caia também no domingo. Era “roça”!
Eu trabalhava na ‘kensa’ (inspeção de peças eletrônicas) e o Mora trabalhava na máquina que colocava o silicone. Direto! Sem ‘xepa’!
Não! Mentira! Tinha almoço e intervalinhos. Mas não dava nem para cochilar!
40 minutos de almoço, no caso para nós era janta pois o trabalho era noturno. E depois 2 intervalos de 10 minutos cada. Dá para acreditar? Pegávamos às 20 hs da noite e só saíamos às 08 hs da manhã. E só tinha 1 hora completa para descansar, de tudo isso de trampo.
Mas eu trabalhava feliz e ainda conseguia dormir o maior cochilo, com sonho e tudo. Jantava super rápido e o resto do tempo dormia. E nos intervalos dormia e deixava para ir ao banheiro durante o trabalho -> garota esperta! Rs
Lembrando (um) que quando se trabalha em linha de produção, não deixam ir muito ao banheiro, porque se não tiver líder para substituir a pessoa, tem que parar a linha inteira até a pessoa voltar. Pressão zero, né?! Magina!
E lembrando (dois), que trabalhar em fábricas de peças eletrônicas no Japão, você se veste assim:
Imagina a felicidade na hora dos intervalos de 10 minutos? Tirar toda essa tranqueira aí, ir ao banheiro e comer um lanchinho. Ou ficar na sala dormindo. Tem que escolher só um, porque tudo (como faria uma pessoa trabalhando normal no Brasil), não dá!
E tem mais um detalhe!
Além da roupa tem a bota. No caso assim:
Agora sim tá completo! (risos)
Durante todo tempo que trabalhei em fábrica, eu sempre trabalhei com componentes eletrônicos. E sempre em ‘clear room’ (sala limpa) onde não pode levar sujeira. Tem ventilador ionizado, tem que passar pelo ar de limpeza antes de entrar na sala e pelo tapete que gruda sujeira.
Clear Room - Kuria Ruumu - クリアルーム
Pois bem...
Numa dessas noites, trabalhando tranquilamente, um rapaz, que eu conversava sempre, no intervalo, não parava de me elogiar. E o marido olhando de longe. O cara não enjoava de elogiar meu cheiro (na época estava na moda usar o óleo paixão - e também não era tão caro), ele já me elogiava demais mas naquele dia estava bem abusado. E eu bem sem graça sem saber o que fazer.
De repente ele soltou: - Pena que é casada!
E eu confirmei: - Pois é, e bem casada!
Aí ele: - Mas não tá morta!
Nisso o Mauricinho já estava surtando. E eu como sou verdadeira em tudo, assim que ele me chamou, eu confirmei tudo que o rapaz tinha dito para mim.
Ahhhhhhh! Pra quê?
O Maurício só disse: - Fica aqui!
E foi lá falar com o cara. Vixi!
Na minha cabeça eu já estava vendo os dois rolando ali no chão. Maurício faixa preta em taekwondo, já sabia quase tudo sobre jiu-jítsu e MMA. Só poderia dar ruim.
E eu sei que se o cara abrisse a boca, já era para ele.
O Maurício já chegou intimando o cara e dizendo (alto, deu para escutar): - O que você tá dando em cima da minha mulher aí cara? - Você estava dando em cima da minha mulher?
O cara realmente era de boa e sabia que tinha errado. Não deu um pio. E Maurício foi categórico: - Não quero nem que olhe mais para minha mulher! Nunca mais!
Daquele dia em diante nunca mais o cara olhou para mim. Passava com a cabeça abaixada.
Mas ficou o maior climão para mim, trabalhar do lado do cara e não falar nada.
Só que o Maurício sempre foi muito bravo para essas coisas.
Naquela época, nem 1 aninho de casada, 20 aninhos, sem experiência alguma, ainda sem polimentos no casamento. O Maurício não sabia ainda o quanto podia confiar em mim, e nem eu ainda o conhecia muito no íntimo.
Como nós ainda morávamos com os meus cunhados, nossa, eles falaram um monte para mim, encheram minha cabeça. A minha cunhada chegou a dizer que eu deveria ter mentido ou deixado para lá. Ela dizia: - Você não sabe o quanto teu marido é esquentado? Não deve se falar essas coisas!
O problema é que eu não mentia de jeito algum.
De fato o Maurício era nervoso, uma pilha!
Mas a minha cunhada já conhecia o Maurício pelo gênio do irmão (seu marido), que era parecido. De não levar desaforo para casa.
E eu realmente já havia visto coisas absurdas dele por causa do ciúmes: como bater a cabeça na parede e chutar a lixeira da frente da casa dos meus pais.
Maurício já foi obcecado por causa de ciúmes e fez coisas difíceis de acreditar.
Mas isso é para outra postagem.
E você, já passou por maus bocados por causa do seu cônjuge ou parceiro(a)?
Conta aí para mim!
Se você leu tudo, deixe um comentário sobre sua visita!
Eu vou amar te ler!
Ass: 𝓕𝓻𝓪𝓷𝓬𝓲𝓮𝓵𝔂 𝓜𝓸𝓷𝓽𝓮𝓷𝓮𝓰𝓻𝓸
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